segunda-feira, novembro 27, 2006

27-11-06 Mais Mekong e mais Saigon

A escrita volta após uma breve pausa para servir de tour guide aos meus país, obrigado pela visita. Sei que já passou muito tempo mas ainda há muito para contar sobre esse pais fascinante que é o Vietnam. Esta semana prometo publicações mais regulares para acabar esta viagem e relatar as seguintes! Sim meus amigos parar é parar!!!!!

Nota: este post é escrito com a ajuda da cábula no meu caderninho maravilha preto que começa assim “ Bem por onde começar? É esta a grande dificuldade até aquecer a caneta. Amanhecer vespertino e continuo a minha visita ao Mekong Delta (merda o caderno já levou com um pingo da Saigon (cerveja local) que bebo sentado na esplanada na rua ao pé do hotel…………”

Acordar madrugador mas ao qual o corpo já se habituou, estou inteiro não fui comido pelas osgas, lagartos e muitos insectos que habitavam este meu quarto do “four seasons Can Tho City Stlye”. Todos a bordo de mais uma canoa mas esta com mais pinta, tinha um gerador ou então motore de corta relva, (que me faz lembrar um carro que conheço) ligado a uma transmissão com 2,5 a 3 metros e com a hélice na ponta. Estes barcos só me fazem lembrar um filme do 007 em que ele esta a bordo a fugir ou a perseguir alguém e tem um problema com a gasolina e é ajudado por um puto, bem não interessa nada a não ser o facto de que essa cena do Bond acaba no mesmo sitio onde eu acabei, num mercado flutuante.



O mercado consiste numa grande confusão de barcos, os maiores ancorados servem de armazém e posto comercial e os incansáveis mais pequenos visitam os maiores para comprar fruta e hortaliça, alguma para consumo próprio outra para venda nos mercados da cidade ou para levar para paragens longínquas rio acima ou abaixo. Logo à chegada a primeira transacção a ser proposta, claro que só podia ser o pequeno-almoço, este cafezinho flutuante equipado com tudo o que é preciso para um “bom” pequeno-almoço, não teve muito sucesso (adivinhe-se lá pq).





Salto para bordo de um barco maior para um “pequeno-almoço” mais saudável, um ananás descascado por um local e que era divinal! Só tinha o problema de ser demasiado caro, 0.10€ incluindo mão-de-obra descascadora. É impossível a Europa competir com os preços da Ásia. No entanto, lembro-me de estudar o custo da poluição na economia, o rio aqui é muito sujo, não é difícil imaginar onde fica o caixote do lixo e o fim do cano da retrete dos barcos.



Soltem as amarras que seguimos para uma fábrica de papel de arroz comestível, serve para fazer os clepes e as rice noodles. Por momentos pensei que nunca mais seria capaz de comer nenhum dos dois, era um pardieiro misturado com pocilga (sim havia porcos e tudo). A papa de arroz e feita com arroz (duhh) e com farinha de tapioca (segundo consegui entender) depois e depositada num tecido que tem vapor por baixo, não é fácil de descrever mas digo que é uma verdadeira fabrica pois a coordenação dos dois empregados é fantástica, isto tudo alimentado não por gasolina nem carvão mas pelas cascas do arroz recicladas como combustível. O papel seca ao sol e está pronto para o vosso prato num restaurante chinês mais próximo.





Continuamos navegando este mangue/pântano/delta/canal com o objectivo de ver uma construção típica da zona, uma monkey bridge. O nome deve-se ao facto do humano virar macaco tentado equilibrar-se nesta ponte em arco feita de troncos muito rudimentarmente montados. Muito mais difícil de atravessar do que se possa pensar, manter o equilíbrio num único tronco que abana a três metros da água (que se sabe que pode ter uns crocodilos) apenas com o apoio de um corrimão de bambu que alem de estar a ferver do sol não era muito fiável. As pernas tremeram mas André qual macaquinho conseguiu chegar à outra margem.

Pouco depois uma cena que merece ser contada, um mal entendido entre o guia e uma Holandesa que ia no barco. Na véspera o guia tinha sugerido que não seguíssemos o programa e em vez de visitarmos um segundo mercado flutuante (quem viu um viu dois alem de que o movimento é cedo pela manha) explorássemos a fábrica de papel de arroz e um entreposto de arroz e tivéssemos mais tempo na monkey bridge. A maioria aceitou e quem não aceitou logo no incio foi noutro barco. Pelos vistos a holandesa não entendeu a proposta e queria ir ao segundo mercado mas so pediu aquela hora. O guia, de seu nome Jerry, sempre muito simpático, sorridente, bem disposto e com humor virou completamente e ficou agressivo, não fisicamente claro, o volume da discussão subiu pq ele teria de chamar um barco para levar apenas e só a holandesa para o dito segundo mercado. Ao almoço à conversa com uma inglesa que vive em Saigon a minha análise foi confirmada: vietnamitas, povo muito dado e simpático, sorridentes e prestáveis, no momento em que envolve dinheiro tudo muda. Tendo em conta as dificuldades do país é compreensível mas em qualquer caso fica o aviso.







De novo a bordo no ferry e a bordo também a versão vietnamita do famoso batman….o Ratman. Pois para estarem na ementa alguém tem de vende-los! Alguém quer um petisco e uma cerveja?



Regresso a Saigon com a companhia do meu querido amigo i-pod (obrigado mamã), relembrado Portugal e estorias de outras paragens. Hora da jola onde reencontro o Scott e ficamos todos à conversa antes de partir para jantar. Depois de jantar um momento óptimo, estavam pequenos e graúdos na rua a jogar um jogo que não sei o nome com esta pena que esta na foto, o objectivo é passar a pena pelo ar para outro jogador sem deixar cair, vale com tudo, pé, cabeça mão, ombro! Este foi um momento maravilhoso! Pedi para jogar e claro que 5 segundos depois estávamos enturmado com os putos de rua e graúdos a partilhar este divertimento tão local.
Juntou-se mais um ocidental o Mick, australiano 20 anos, skater, snowborder, fotografo, completamente desprendido de tudo, esta a viajar sozinho pela Ásia um mês. Não sou a pessoa mais tímida do mundo e como os meus companheiros queriam era descansar (eu tb mas….era sábado à noite e nem que seja em Bagdad sábado é sábado) proponho que vamos os dois (eu e o Mick) beber um copo ao bar mais famoso da cidade. O bar e veja-se a ironia chama-se Appocalypse Now! É como chamar Aushwitz a um bar em Berlim! O bar…hip hop nas colunas, muita gente, com a particularidade de ter dois polícias em cima das colunas a observar a multidão que dança na pista (não vá haver alguma obscenidade qualquer como dançar a proibida salsa ou lambada). Rumo a outro espaço este gerido por um australiano amigo do Mick, tempo bem passado com o Steve e com o Mike (USA)! A conversa no balcão. Esta é para mim a melhor parte de viajar, os contactos e a partilha de culturas e experiências. Espero o Mick em Hong Kong um dia destes para lhe mostrar a cidade.

terça-feira, novembro 21, 2006

21-11-06 Mekong Delta

O dia começa com algo que infelizmente não é invulgar para a minha pessoa, atrasado! Engoli um pão quase de uma vez só e sigo para o autocarro para uma viagem de 75km que durará aproximadamente duas horas, um pouco menos. O destino é o delta do rio Mekong o maior delta do mundo composto por um infindável numero de ilhas e canais. O rio Mekong na zona do delta divide-se em nove transportando as águas das neves quase eternas dos Himalaias até ao mar. Este é o único delta do mundo que continua a crescer, os sedimentos que são arrastados pelas águas fazem com que aumente cerca de 70cm por ano mar adentro.

Na viagem e porque a noite foi curta tento dormir no entanto os ocasionais saltos que a estrada apresentava não eram o melhor embalar. Pelo caminho um pormenor um pouco mórbido mas interessante, no meio dos extensos arrozais (maior zona produtora de arroz da Ásia o delta do Mekong) era frequente ver campas, felizmente o guia (de seu nome Jerry e que parecia saído de um filme americano sobre o Vietname que não consegui recordar qual seria mas ainda vou a tempo) explicou que muitas pessoas passavam a vida inteira a trabalhar aqueles campos de sol a sol e que era natural que ali quisessem repousar. Encontrei também campas nos jardins das pessoas ao lado das casas. Pode parecer mórbido mas é revelador de uma grande diferença cultural em relação a como se encara a velhice e a morte, no ocidente tantos os velhos comos os mortos são “armazenados” em sítios próprios e longe, aqui pelo contrario os velhos são tratados pela família e os mortos, porque continuam vivos segundo as crenças também devem continuar perto dos seus. È apenas um pormenor.



Pelo caminho e já que dormir é impossível aproveito para absorver o máximo desta oportunidade de sair da cidade e ver um pouco da vida no campo. A vida desenvolve-se à beira da estrada, faz lembrar o Brasil onde também tudo se vende a beira da estrada anunciado em bocados de cartão com cores viva. Lojas, bancas e até no chão desde frutas a gasolina remendos para pneus, até carne, gás, sumos tabaco e motas.

Continuo a aprender com o Jerry, Saigon 10 milhões de habitantes e 4 sim 4 milhões de motas, está explicado aquele movimento surreal nas ruas! As motas de fabrico chinês são muito baratas, a mais barata custa 300$US tal como a gasolina que custa 0,5€ o litro. Todos os jovens querem ter a sua mota isto pq “ In vietnam no motorbike, no girlfriend. No money no honey!”. Como pode existir uma diferença cultural tão grande entre os povos?????? Explicado ficou também os inúmeros casais estacionados nos passeios e parques sentados em cima da mota a namorar pela noite dentro que tinha visto na noite anterior.

Chegados a Cai Be passamos para a agua a bordo de um barco…….…. Ou melhor de uma canoa grande com um motor que não dá velocidade suficiente para que o vento me refresque deste calor que derrete o corpo. As águas são barrentas e acastanhadas (faz-me lembrar o rio de La Plata em Buenos Aires) e ricas em objectos (atenção não são dejectos) que flutuam a sabor da corrente (troncos, folhas, frutas, bambus etc). Agua que é coisa que não falta por aqui é de facto vida e este verde delicioso enche a alma relembrando a maravilha que a Natureza nos oferece.


Primeira paragem uma fabrica de caramelos feitos a partir de cocos triturados e cuja seiva (não agua) é cozida com açúcar, surpreendentemente deliciosos, até para mim que não gosto de coco. Mais uma amizade com outro casal de espanhóis, ele Basco e ela das Astúrias.

Hora para um passeio numa piroga entre os canais deste mangue. No caminho somos constantemente relembrados pelos remadores das pirogas que regressam vazias para ir buscar mais turistas com “give money give money “ para a gorjeta aos remadores. De volta ao “navio” hora de outra ilhota para almoçar, convívio agradável com outros viajantes e a comida aceitável pelo preço. Claro que a duvida ficou, com tantos cães a andar pela ilha será que era mesmo porco? Ao contrário do que se pensa na china não é costume comer cão mas no Vietname é.









Próxima paragem outra ilhota que ficava dentro de um canal mais pequeno e mais uma vez tivemos de trocar de barco. Enquanto serpenteávamos os canal vi habitações com “óptimo” aspecto como se vê na fotografia assim como pescadores dentro de água lançando as suas redes nas águas opacas na esperança de um jantar. A atracção desta ilha seria a música tradicional e o “honey tea”. Coitadinhos dos turistas na madeira a quem obrigam a ouvir o “bailhinhe” ;) senti-me como eles, o chá por outro lado, mel, água e sumo de uma micro tangerina verde (de cor mas madura) tinha um gosto óptimo. Mas deixemo-nos de tretas que o momento alto desta ilha não foi o cantar desafinado das senhoras nem do guia que as tentou acompanhar nem aquela chávena de água quente…o momento foi mesmo a Sra. Pinton.


Não tenho um gosto particular por repteis antes pelo contrário mas não podia de deixar de experimentar tudo o que pudesse de diferente neste pais onde pelos vistos é possível fazer quase tudo. A textura da pela da cobra a se enrolar a volta do meu pescoço e tronco faz brotar uma panóplia de sensações que vão desde o medo e o nojo à curiosidade passando muito pela excitação daquele desconhecido. Sempre tentei enfrentar os meus medos e fantasmas, cobrinhas puff coisa de meninas!






Estas organizações têm momentos engraçados, tínhamos de apanhar o ferry para irmos para Can Tho City pois era ai que íamos passar a noite, ao chegarmos ao cais tivemos de sair do autocarro pois ninguém pode ir dentro dos carros, o habitual. O Jerry começa a pedir a todos que corramos para apanhar este ferry que está a partir, qual manada de elefantes enraivecidos da véspera corremos e corremos e mesmo à Indiana Jones quando o ultimo embarca a porta levanta e o barco solta amarras. Estamos todos?? Ficou alguém atrás? Parece que conseguimos. PARA QUE ESTÁ MERDA TODA? A porcaria do autocarro não consegue correr, claro que não veio no mesmo ferry do que nos e tivemos de ficar à espera na mesma do outro lado do canal. O cenário do pôr-do-sol enquanto cruzo o canal será uma imagem que quero guardar, é bom viajar, estou a ficar com um sentimento especial por este país!

Estava curioso para ver o que seria o hotel, à chegada deu para ver que era uma pensão estrelinha mas eu apesar de gostar, e muito, das coisas boas não sou muito esquisito quando não são. A primeira surpresa (sim pq osgas, e outros bicharocos dentro do quarto é normal no Vietname ate nos sítios melhores) foi que não existiam quartos triplos, pois bem single. Não, também não é possível um single (por mais 4€) porque está cheio. Solução, os três viajantes solitários e eu (já que era o mais open mindend de nos os três) teríamos de arranjar uma solução de partilha de quarto. Até tive sorte no meio disto tudo, as hipóteses seriam partilhar o quarto com o Scott, inglês trintão viajante compulsivo desde 94 sempre ou quase solitário, simpático mas nitidamente com um parafuso a menos. Outra hipótese era o Lerroy, delegado de vendas da proctor and gamble, born and raised in Singapura também simpático mas chinoca, apesar de incomparavelmente mais polido do que o meu anterior companheiro chinoca o trauma ficou. Finalmente e com quem tive de partilhar o quarto nessa noite foi a Cristine uma enfermeira Neo-Zelandesa tb mais velha que já percorreu grande parte da ásia como da América do sul e tinha muitas estorias e experiências para contar (e ao contrário do Scott com todos os parafusos).

Claro que os convidei para jantar, gosto de conhecer gente e aprender e ouvir estorias de outros “clepes”. Uma nota a parte não sei se de feitio se de nacionalidade mas os franceses, e são meus amigos e dou-me bem com eles, tem uma certa aversão/dificuldade a conhecer novas pessoas. Bem isso também não é importante para o caso. Deixo-vos uma amostra do que também existia no menu do restaurante…. Apetitoso!!! Ninguém se aventurou por caminhos poucos ortodoxos mas houve quem equacionasse a questão.




Depois de jantar tentamos encontrar um barzinho qualquer que não fosse um pardieiro e que talvez tivesse pelo menos um ocidental para não nos sentirmos tão diferentes. Esta provou ser uma missão muito complicada e que causou baixas pelo caminho, no final ficamos apenas o núcleo duro de nós os três em busca de uma jola gelada que ajudasse a superar o calor infernal. Perdemo-nos completamente e quando demos por nós estávamos numa rua da cidade que não era para turista ver, alias penso que metade de quem lá estava nunca tinha visto um turista. As motas abrandavam para ver estes três alienígenas que passeavam depois de jantar em frente as suas casas, as pessoas sentadas no passeio em mesas de plástico paravam de comer para ver estes três animais de circo que nós lhes devíamos parecer. Nunca senti o mínimo de insegurança nem de agressividade apenas espanto, devo dizer que todas a pessoas são muito simpáticas e sorridentes mesmo quando o objectivo não é ganhar dinheiro à nossa custa. Este passeio por estas ruas repletas de lixo, onde a visão de pobreza é horripilante faz-nos pensar na vida, na nossa e na sorte que uns têm e outros não. Relato também que apesar desta imagem dantesca de pobreza as pessoas são felizes e acolhedoras e as crianças brincam e riem na rua com uma alegria contagiante.

Missão falhada de regresso ao hotel, pelo caminho e como o mundo é pequeno volto a encontrar o casal de espanhóis que tinha encontrado no primeiro dia em Ho Chi Minh. Findo com a sensação que ao conhecer viajantes e ouvir os seus relatos me faz cada vez mais querer partir durante um mês ou dois ou três e percorrer este pequeno canto do mundo tão diferente do meu mas tão rico. Sudeste Asiático me aguarde!

sexta-feira, novembro 17, 2006

17-11-06 Ho Chi Minh City

Antes de continuar o meu relato pela antiga Indochina tenho de dizer que ontem fui buscar os meus pais ao aeroporto e depois tive direito a um belo jantar. Vieram em boa hora e soube bem reencontrar a família, saber das novidades partilhar experiências e conversar com o meu pai e com a minha mãe. Ainda bem que vieram

Adiante que há muito para contar sobre esta fantástica aventura no Vietname. O dia amanhece e a rua deserta que encontramos na véspera quando chegamos ao hotel sofreu uma metamorfose transformando-se num contínuo movimento de gente, automóveis e motas. O bairro onde ficamos é um misto de degredo com fascinante, cheio de pequenos restaurantes baratos (viria a pagar no final deste dia 1,5€ pelo jantar bebida incluída e a comida bem boa), lojas para turistas, alfaiates (que em menos de 24h fazem um fato por medida), cyber-cafés (para que todos estes viajantes possam contactar esse seu mundo distante), agencias de viagem, bares, mtos bares e cafés, lojas de quadros falsificados (quem quiser um Klimt, um Picasso ou um Van Gogh já sabe onde procurar) entre tanta outra coisa que o cérebro luta por absorver ao máximo.


O objectivo nesta terra de vida dura e pobreza generalizada é sempre o ganhar alguns Dongs (moeda local apesar de Dollars serem mais apreciados) com a venda de tudo e mais alguma coisa em bancas montadas na rua, no chão carregadas em ombros ou numa bicicleta. De 10 em 10 metros é possível comprar agua, sumos, cigarros, pastilhas elásticas, livros falsificados, lulas secas (que não me aventurei nessa não) assim como tudo o que se possa imaginar. Os homens sentados em cima das motas no passeio constantemente perguntam se queremos um táxi (sim moto táxi) assim como os carrinhos bicicleta que tentam a todo o custo ter um cliente para mostrar a cidade. Estes “ciclistas”, vim a saber muitos tem uma origem comum, são na sua maioria pessoas que colaboraram com o exército americano durante a guerra e que depois da ocupação do norte comunista foram enviados para campos de reeducação durante alguns anos. Muitos receberam ordem de expulsão do pais logo não podem possuir negócios, trabalhar legalmente nem ter casa, vivem uma vida a margem da sociedade pedalando turistas e locais pela cidade, o seu “carro” e também a sua casa sendo frequente vê-los a dormir nos passeios dentro do “carro” durante a noite. Pronto fica uma nota histórica que também é importante para perceber o presente.

Adiante que se faz tarde e ainda não sai do hotel, decidimos fazer um tour a pé pela cidade que demoraria sete horas. Antes do primeiro local visitado eis a primeira GRANDE aventura, atravessar a estrada. Sinais vermelhos? Sentido proibido? Parar numa passadeira? Pura ilusão aqui vale tudo desde que se buzine com abundância. O segredo é atravessar confiante e sem hesitar, sem movimentos bruscos e com passos pequeninos um a seguir ao outro, só é preciso ter atenção aos carros porque esses não param mesmo…mesmo! Quase que apetece fechar os olhos enquanto as motas desviam-se de nós sendo frequente estarmos parados com motas a passar a nossa frente e atrás a pouco mais de 20 cm. Cada vez que chegava a outro lado vivo suspirava de alívio, pelo menos neste primeiro dia.

Primeira paragem um mercado interior com produtos desde roupa, sapatos, óculos, tecidos, malas, tecidos e todo o tipo de bugigangas. Como não podia deixar de ser as flores e hortaliças também estavam disponíveis assim como a carne e o peixe. O cheiro nesta zona era de dar vómitos e eu não sou muito mariquinhas com estas coisas mas. Não me esqueço do homem a vender intestino de alguma coisa e a mete-lo no saco com as mãos.

Adiante para o centro da cidade e após um café no terraço de um hotel (não sabia mas o café Vietnamita é considerado dos melhores do mundo, este era bem bom) com vista para um belo edifício colonial que contrastava com os prédios modernos de multinacionais que começam a entrar nesta economia em desenvolvimento. O prédio é o antigo Hotel D’Ville, tem um aspecto fantástico, hoje em dia é a sede do partido comunista em Saigon. Faz-me lembrar S.Petersburg e o Grand Hotel d’Europ, o melhor hotel que já vi e que durante a revolução comunista era o quartel-general do Lenine. Comunistas comunistas mas tratam-se bem.

Corda nos sapatos com destino ao museu de Ho Chi Minh. Para quem não sabe o “uncle Ho” como é carinhosamente apelidado foi o líder comunista que derrotou os americanos e que deu o novo nome a Saigon e a uma série de outras coisa, tudo é Ho Chi Minh. Logo à entrada um avião e um helicóptero assim como carros e outros artefactos do tempo da guerra. Este museu é sobre a história da cidade desde o tempo do seu povoamento inicial e das diferentes etnias e suas funções até à história mais recente da colonização francesa e das sucessivas guerras. É dado um grande ênfase à vitória comunista e a propaganda é abundante. Na entrada um pequeno quiosque onde estava a venda desde artesanato e artefactos assim como zip’s com alusões à guerra, balas em forma de chaveiro e uma coisa que me fez muita impressão, chapas de identificação de soldados americanos mortos na guerra, foi o primeiro mas não o ultimo local onde as vi à venda.

Paragem para almoço, decidi aventurar-me na comida picante e pedi o prato mais picante da lista….e era de facto muito picante no entanto saboroso, o picante tinha um toque fresco de uma erva (“lemon grass” não sei a tradução talvez alguém saiba) que transformava o picante e a frescura da erva numa combinação de sabores deliciosa.

O calor é tanto que procuramos um refúgio num parque ali perto, era o zoo! E porque não? Aos anos que nenhum de nós vai a um zoo. Oportunidades fotográficas fantásticas especialmente porque apanhamos o momento em que os tratadores alimentavam os felinos com coelhos vivos. O momento da tarde foi quando 4 tratadores passeavam três elefantes pelo parque e algo correu mal. Os pequenos bichos desatam a correr! Socorros os sacanas correm na minha direcção!!! Pernas para que vos quero. Finalmente dominados são contidos num recinto apenas vedado por uma corda, nunca tinha estado tão perto de um monstro daqueles. Ainda tive o prazer de alimentar um. Em nenhum país desenvolvido um zoo arriscaria tal proeza. Mais uma experiência diferente das varias que experimentei neste país onde quase tudo é possível.








Catedral de Notre Dame ou não tivesse esta cidade sido francesa em tempos e um posto de correios lindo mas claro com a fotografia do uncle ho ao fundo para que ninguém se esqueça que estamos num pais comunista!

Ultima paragem uma pagoda (templo), pelo caminho encontramos um casal de espanhóis que eu fiz questão de meter conversa, estavam a viajar no SEAsia há um mês…tb queroooo! Engraçado que durante o percurso encontramos em diferentes sítios as mesmas pessoas pois toda a gente segue a bíblia do lonely planet.

Segue-se o jantar, umas jolas e descanso que amanha partimos para o Mekong Delta, o maior delta do mundo. A excursão caríssima de dois dias uma noite com um pequeno-almoço e um almoço custou-me 12€ vamos ver que hotel é que vou ficar, será que tem camas?

quarta-feira, novembro 15, 2006

15-11-06 Chegada a Ho Chi Minh





Chegada ao aeroporto meio merdoso de Ho Chi Minh, logo aí senti que estava numa Ásia diferente de HK e de Singapura, mais parecia um pais da América do sul com a excepção dos olhos em bicos que nos aguardavam perguntando repetidamente se queríamos um táxi. Sem nenhuma referência mas com a recomendação de não aceitar o hotel proposto pelo taxista chegamos ao centro, à velha Saigão.

Vários hotéis à vista mas todos com demasiado bom aspecto para quem queria pagar por uma cama e um duche, e o duche que nem precisava de ser de agua quente tal era o bafo a uma da manha. Batemos a umas portas mas os preços eram sempre acima do que queríamos. Mais um momento de coincidência, estamos a andar pela rua a ver o que descobríamos e oiço um idioma familiar….não pode ser mas é um casal de portugueses (O Tuga domina o mundo!). Não nos conseguiram ajudar pois tinham chegado à um dia e eram claramente turistas de uma classe menos económica que a nossa, mas um recepcionista encaminhou-nos para outra zona da cidade não muito longe, chamada Pham Ngú Lão vulgarmente chamada a “backpacker’s área”. Precisávamos de um Lonely Planet (a bíblia dos guias) o preço de 25€ em HK para os 4€ falsificado na rua pareceu-me o começo de umas ferias engraçadas. Devido a hora avançada da noite e após encontrar-mos um hotel com lugar, apesar de ser um dos melhores da zona decidimos gastar o dinheiro porque precisávamos de descansar, 20 $US por noite (com pequeno almoço e tudo) para um quarto triplo pode parecer barato mas em Saigon é um luxo!

Saída breve para comemorar o inicio de mais uma aventura oriental com um brinde de SAIGON (a cerveja local) num bar mesmo o lado do hotel. Logo no bar vejo que existem muitos viajantes ocidentais e a primeira impressão sobre as mulheres no Vietname….incomparavelmente mais bonitas que em HK assim como o movimento contínuo de motas da rua, mas estas são estorias para serem desenvolvidas mais a frente. Por enquanto fica só o aperitivo da viagem.