Antes de continuar o meu relato pela antiga Indochina tenho de dizer que ontem fui buscar os meus pais ao aeroporto e depois tive direito a um belo jantar. Vieram em boa hora e soube bem reencontrar a família, saber das novidades partilhar experiências e conversar com o meu pai e com a minha mãe. Ainda bem que vieram
Adiante que há muito para contar sobre esta fantástica aventura no Vietname. O dia amanhece e a rua deserta que encontramos na véspera quando chegamos ao hotel sofreu uma metamorfose transformando-se num contínuo movimento de gente, automóveis e motas. O bairro onde ficamos é um misto de degredo com fascinante, cheio de pequenos restaurantes baratos (viria a pagar no final deste dia 1,5€ pelo jantar bebida incluída e a comida bem boa), lojas para turistas, alfaiates (que em menos de 24h fazem um fato por medida), cyber-cafés (para que todos estes viajantes possam contactar esse seu mundo distante), agencias de viagem, bares, mtos bares e cafés, lojas de quadros falsificados (quem quiser um Klimt, um Picasso ou um Van Gogh já sabe onde procurar) entre tanta outra coisa que o cérebro luta por absorver ao máximo.
O objectivo nesta terra de vida dura e pobreza generalizada é sempre o ganhar alguns Dongs (moeda local apesar de Dollars serem mais apreciados) com a venda de tudo e mais alguma coisa em bancas montadas na rua, no chão carregadas em ombros ou numa bicicleta. De 10 em 10 metros é possível comprar agua, sumos, cigarros, pastilhas elásticas, livros falsificados, lulas secas (que não me aventurei nessa não) assim como tudo o que se possa imaginar. Os homens sentados em cima das motas no passeio constantemente perguntam se queremos um táxi (sim moto táxi) assim como os carrinhos bicicleta que tentam a todo o custo ter um cliente para mostrar a cidade. Estes “ciclistas”, vim a saber muitos tem uma origem comum, são na sua maioria pessoas que colaboraram com o exército americano durante a guerra e que depois da ocupação do norte comunista foram enviados para campos de reeducação durante alguns anos. Muitos receberam ordem de expulsão do pais logo não podem possuir negócios, trabalhar legalmente nem ter casa, vivem uma vida a margem da sociedade pedalando turistas e locais pela cidade, o seu “carro” e também a sua casa sendo frequente vê-los a dormir nos passeios dentro do “carro” durante a noite. Pronto fica uma nota histórica que também é importante para perceber o presente.
Adiante que se faz tarde e ainda não sai do hotel, decidimos fazer um tour a pé pela cidade que demoraria sete horas. Antes do primeiro local visitado eis a primeira GRANDE aventura, atravessar a estrada. Sinais vermelhos? Sentido proibido? Parar numa passadeira? Pura ilusão aqui vale tudo desde que se buzine com abundância. O segredo é atravessar confiante e sem hesitar, sem movimentos bruscos e com passos pequeninos um a seguir ao outro, só é preciso ter atenção aos carros porque esses não param mesmo…mesmo! Quase que apetece fechar os olhos enquanto as motas desviam-se de nós sendo frequente estarmos parados com motas a passar a nossa frente e atrás a pouco mais de 20 cm. Cada vez que chegava a outro lado vivo suspirava de alívio, pelo menos neste primeiro dia.
Primeira paragem um mercado interior com produtos desde roupa, sapatos, óculos, tecidos, malas, tecidos e todo o tipo de bugigangas. Como não podia deixar de ser as flores e hortaliças também estavam disponíveis assim como a carne e o peixe. O cheiro nesta zona era de dar vómitos e eu não sou muito mariquinhas com estas coisas mas. Não me esqueço do homem a vender intestino de alguma coisa e a mete-lo no saco com as mãos.
Adiante para o centro da cidade e após um café no terraço de um hotel (não sabia mas o café Vietnamita é considerado dos melhores do mundo, este era bem bom) com vista para um belo edifício colonial que contrastava com os prédios modernos de multinacionais que começam a entrar nesta economia em desenvolvimento. O prédio é o antigo Hotel D’Ville, tem um aspecto fantástico, hoje em dia é a sede do partido comunista em Saigon. Faz-me lembrar S.Petersburg e o Grand Hotel d’Europ, o melhor hotel que já vi e que durante a revolução comunista era o quartel-general do Lenine. Comunistas comunistas mas tratam-se bem.
Corda nos sapatos com destino ao museu de Ho Chi Minh. Para quem não sabe o “uncle Ho” como é carinhosamente apelidado foi o líder comunista que derrotou os americanos e que deu o novo nome a Saigon e a uma série de outras coisa, tudo é Ho Chi Minh. Logo à entrada um avião e um helicóptero assim como carros e outros artefactos do tempo da guerra. Este museu é sobre a história da cidade desde o tempo do seu povoamento inicial e das diferentes etnias e suas funções até à história mais recente da colonização francesa e das sucessivas guerras. É dado um grande ênfase à vitória comunista e a propaganda é abundante. Na entrada um pequeno quiosque onde estava a venda desde artesanato e artefactos assim como zip’s com alusões à guerra, balas em forma de chaveiro e uma coisa que me fez muita impressão, chapas de identificação de soldados americanos mortos na guerra, foi o primeiro mas não o ultimo local onde as vi à venda.
Paragem para almoço, decidi aventurar-me na comida picante e pedi o prato mais picante da lista….e era de facto muito picante no entanto saboroso, o picante tinha um toque fresco de uma erva (“lemon grass” não sei a tradução talvez alguém saiba) que transformava o picante e a frescura da erva numa combinação de sabores deliciosa.
O calor é tanto que procuramos um refúgio num parque ali perto, era o zoo! E porque não? Aos anos que nenhum de nós vai a um zoo. Oportunidades fotográficas fantásticas especialmente porque apanhamos o momento em que os tratadores alimentavam os felinos com coelhos vivos. O momento da tarde foi quando 4 tratadores passeavam três elefantes pelo parque e algo correu mal. Os pequenos bichos desatam a correr! Socorros os sacanas correm na minha direcção!!! Pernas para que vos quero. Finalmente dominados são contidos num recinto apenas vedado por uma corda, nunca tinha estado tão perto de um monstro daqueles. Ainda tive o prazer de alimentar um. Em nenhum país desenvolvido um zoo arriscaria tal proeza. Mais uma experiência diferente das varias que experimentei neste país onde quase tudo é possível.
Catedral de Notre Dame ou não tivesse esta cidade sido francesa em tempos e um posto de correios lindo mas claro com a fotografia do uncle ho ao fundo para que ninguém se esqueça que estamos num pais comunista!
Ultima paragem uma pagoda (templo), pelo caminho encontramos um casal de espanhóis que eu fiz questão de meter conversa, estavam a viajar no SEAsia há um mês…tb queroooo! Engraçado que durante o percurso encontramos em diferentes sítios as mesmas pessoas pois toda a gente segue a bíblia do lonely planet.
Segue-se o jantar, umas jolas e descanso que amanha partimos para o Mekong Delta, o maior delta do mundo. A excursão caríssima de dois dias uma noite com um pequeno-almoço e um almoço custou-me 12€ vamos ver que hotel é que vou ficar, será que tem camas?
4 comentários:
Belas fotos, afinal esses bichinhos não parecem assim tão grandes...
Não parecem mas quando os vês a correr na tua direcção a visao deve ficar meia distorcida pq parecem ter 10 metros de altura!
Caro André
Continua por favor a mandar estas magníficas descrições da Ásia.É fascinante acompanhar-te por essas paragens distantes. Um abr. BWF
Nao está facil ter tempo para escrever pois tenho tambem a funçao de tour guide para os cotas. aii que bem que sabe comidinha boa e conversas em porugues. Hoje fomos a Macau, demorei menos de um minuto a perder o meu dinheiro todo no blackjack!
Já tenho o proximo post quase escrito mas ainda falta um pouco amanha sem falta.
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